2 de mai. de 2015

O ESTADO, O CASSETETE E O PROFESSOR...


    Não é de hoje que o Estado é um imbróglio: envolve pessoas, governo, leis e um determinado território, mas não sabemos exatamente do que se trata e que tipo de forças operam no Estado. A confusão toda se encontra no fato de que muitas vezes, e não é de hoje, o governo não é legítimo e, não raro, cria leis ou retira leis que afetam diretamente todos os aspectos da vida das pessoas. O Estado moderno tem três compromissos essenciais: a segurança, a saúde e a educação. O último compromisso acontece nas instituições escolares e através dos professores...
  Se tu fores curioso e pesquisar um pouco verás que lá na Grécia Clássica, o Estado Antigo bania pessoas, criava leis em proveito de si e de alguns poucos – “os homens de bem” e, inclusive, condenava a morte os seus cidadãos. O território onde o governo exerce seu poder e o povo usufrui de seus direitos é também outra celeuma. Muitos “Estados Modernos” protegem fortemente o seu território contra o ingresso de “povos” diferentes. Esta proteção gera uma leva de pessoas expropriadas do estado de direito, clandestinos de toda ordem com uma vida desnuda, precária que são colocados no território da exceção e não no espaço do direito. Veja mais em Giogio Agamben e seu trabalho atual de dimensões planetárias. Somado a toda esta problemática encontramos outro ponto nevrálgico: o Estado é o único ente que tem a legitimidade e legalidade para usar a violência, ou seja, tem o direito de ter e de usar “o cassetete”. Não faz isso com uma mão invisível, mas com a mão de pessoas, usa vidas, exerce o domínio de mentes e forma corpos bem treinados: no caso a polícia.
 Pois bem, escrevo neste momento não sobre o conceito de Estado, mas de um estado da federação: o do Paraná o qual não está livre do que escrevi acima, aliás, está atolado até o pescoço naquelas questões tratadas brevemente no parágrafo anterior. Na última semana, o governo do Paraná representado pelo seu governador perdeu o pouco de legitimidade que possuía. 
   Neste momento, Beto Richa, só tem o direito de governar, mas nenhuma legitimidade para fazê-lo. Trata-se de um sujeito que quer retirar direitos, usa o monopólio da violência para reprimir seus professores, forma a mente e os corpos de sua guarda. Ah,  e os professores!? Os professores desde a Grécia Clássica não conseguem ter um relacionamento harmonioso com o Estado e com a Cidadania. Lá, não eram considerados nem sábios e nem cidadãos, mas vendilhões do conhecimento por cobrarem pela atividade do ensino. Porém, com os seus métodos de ensino permitiam as pessoas ver as coisas de outro modo e relativizarem as posições absolutistas dos governantes e dos cidadãos das Polis.
  Os colegas do Paraná estão experimentando na carne as práticas governamentais que retiram direitos e aplicam “o monopólio do cassetete” através de seus policiais. Temos vidas desnudas e a política atravessando todas dimensões da vida – de policiais e de professores: os professores que foram literalmente açoitados em praça pública e os policiais que, em nome da hierarquia e da obediência militar, tiveram seus corpos formados para usarem “o cassetete” e as suas mentes configuradas para obedecer a ordem direta dos seus superiores e não incorrerem em crime contra o código penal militar. 
  Sou professor, não posso estar na trincheira com os colegas paranaenses e tenho apenas as palavras para repudiar os atos do governo paranaense e me solidarizar com os colegas vitimados pela violência estatal. Para finalizar, creio que a convocação de uma greve geral seria um contraponto a tamanho desmando na condução da política de um estado. Mas como tenho somete o uso da palavra fica então o desafio para quem ousou chegar até o fim deste texto: se tu concordas comigo podemos debater e aprofundar a questão. Se não concordas podemos debater e analisar a questão de outro modo e alguma coisa estaremos fazendo pelos professores paranaenses!