8 de nov. de 2014

Por que não somos todos macacos?

Por que não somos todos macacos?


Fui acometido pela pergunta "por que não somos todos macacos?" o que motivou a escrever um texto, que publico a seguir para ser lido e criticado:
              Há um processo de segmentação, divisão, separação e o pior de hierarquização na sociedade ocidental. Este processo não é uma prerrogativa pós-moderna, da nossa cultura. Ouso a afirmar que esta divisão e hierarquização têm seus pressupostos no mundo grego antigo: lá já havia uma separação entre cidadão (homem adulto nascido e criado na cidade) e os demais (escravos, estrangeiros, mulheres e crianças). Nós pós-modernos somos filhos deste modelo de cidadania. Ou seja, há os que detêm os meios de produção (cultural e econômico), e teoricamente pagam mais impostos e julgam-se que possuem mais cidadania e que, portanto, seria possível estabelecer uma hierarquização entre os que possuem capital econômico-cultural e os que não possuem. Deste modo começa uma separação e ao mesmo tempo se estabelece um princípio de hierarquização... Por isso alguns sujeitos julgam que têm mais direitos que outros sujeitos.
            Esta segmentação opera com o conceito de raça, cor, sexo, classe social, origem étnica, espaço geográfico, religião sagrada e pagã que desemboca em uma valoração entre bons e ruins, brancos (bons) e negros (maus) geralmente o bandido nos filmes e o caçado pela polícia na vida real; homens (plenos cidadãos) e mulheres (ainda violadas nos seus direitos) e homens (ainda com mais acesso a salários melhores); trabalhadores (ainda há muitos escravizados e sem direitos trabalhistas) e patrões (que não respeitam direitos trabalhistas: cf. o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vN_B5wFT9ks )   Entre colonizadores europeus (os que se julgam os formadores de direitos e de fato do Brasil no século XIX) e os Negros (aqueles que vieram para o Brasil por ousadia do destino) mas que de fato não tiveram nenhum arbítrio para decidir se vinham ou não para o continente americano. No último mês esta divisão transformou-se em xenofobia e operou na política: os sulistas (eleitores conservadores e direitistas raivosos) avaliaram a si mesmo superiores aos eleitores nordestinos tidos como ignorantes e alienados. Na questão religiosa o eventos de separação e valoração são muitos e os eventos preconceituosos também.
            Portanto, a questão “por que não somos todos macacos?” encontra sua resposta no triste fato de que separamos as pessoas segundo suas cores, “suas raças”, seus espaços geográficos, suas posses do capital econômico-cultural, suas práticas religiosas e após proceder esta segmentação operamos com uma ideia de valoração e deste modo “não somos todos macacos” apenas alguns “infelizes” são macacos segundo o princípio de que alguns tem mais valor que outros ... 

21 de abr. de 2014

A crise de sentido e de fundamento!

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Vive-se, no mundo contemporâneo, uma contínua atmosfera de tensão, de “morte” dos valores, de ausência de sentido, de “bancarrota” dos Grandes Ideais – Deus, Bem, Justiça e Verdade. Autores, livros, obras clássicas, propostas filosóficas apontam para a crise, a dissolução do sentido, o niilismo, o fim dos grandes valores da Modernidade que afetam o Ser Humano contemporâneo e suas Instituições.
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A ausência de bases firmes que garantam uma ação ética livre e uma consciência moral clara geram a insegurança. Sucede que a falta de sentido “ronda”, se é que já não destruiu o que resta de possibilidade para a fundamentação da moral e da ética. Isto indica que as instituições positivas, como os tribunais, não garantem de fato a justiça. O tradicional modelo familiar, como é conhecido, não assegura a priori a felicidade das pessoas. As instituições religiosas não proporcionam mais a confiança metafísica da escolha certa do Bem em negação do mal previamente determinado. Mesmo os paradigmas científicos padecem pela ausência de um princípio seguro e de uma “tábua” de valores sólidos e estabelecidos.
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Fenômeno semelhante acontece com os códigos de direito e a ação política que não asseguram a liberdade e a igualdade – valores supremos da modernidade, o que resulta na dissonância entre a existência concreta das pessoas e as páginas dos códigos de ética aplicada, de direito e de moral.
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Decorre que a ética e a moral estão também inseridas no contexto de vazio apontado acima. Para averiguar basta analisar os valores como a liberdade, a justiça, a veracidade, a felicidade e a bondade e constatar que estes estão profundamente abalados. Isso tem uma razão clara: as referências tradicionais que os sustentavam em outros tempos, hoje não os sustentam mais. Os sistemas filosóficos que outrora justificavam e fundamentavam o agir e a avaliação moral, ruíram...