Por que não somos todos
macacos?
Fui acometido pela pergunta "por que não somos todos macacos?" o que motivou a escrever um texto, que publico a seguir para ser lido e criticado:
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Há
um processo de segmentação, divisão, separação e o pior de hierarquização na sociedade ocidental. Este
processo não é uma prerrogativa pós-moderna, da nossa cultura. Ouso a afirmar
que esta divisão e hierarquização têm seus pressupostos no mundo grego antigo: lá
já havia uma separação entre cidadão (homem adulto nascido e criado na cidade)
e os demais (escravos, estrangeiros, mulheres e crianças). Nós pós-modernos
somos filhos deste modelo de cidadania. Ou seja, há os que detêm os meios de
produção (cultural e econômico), e teoricamente pagam mais impostos e julgam-se
que possuem mais cidadania e que, portanto, seria possível estabelecer uma
hierarquização entre os que possuem capital econômico-cultural e os que não possuem.
Deste modo começa uma separação e ao mesmo tempo se estabelece um princípio de
hierarquização... Por isso alguns sujeitos julgam que têm mais direitos que
outros sujeitos.
Esta segmentação opera com o
conceito de raça, cor, sexo, classe social, origem étnica, espaço geográfico,
religião sagrada e pagã que desemboca em uma valoração entre bons e ruins,
brancos (bons) e negros (maus) geralmente o bandido nos filmes e o caçado pela
polícia na vida real; homens (plenos cidadãos) e mulheres (ainda violadas nos
seus direitos) e homens (ainda com mais acesso a salários melhores);
trabalhadores (ainda há muitos escravizados e sem direitos trabalhistas) e
patrões (que não respeitam direitos trabalhistas: cf. o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vN_B5wFT9ks
) Entre colonizadores europeus (os que se julgam
os formadores de direitos e de fato do Brasil no século XIX) e os Negros
(aqueles que vieram para o Brasil por ousadia do destino) mas que de fato não
tiveram nenhum arbítrio para decidir se vinham ou não para o continente
americano. No último mês esta divisão transformou-se em xenofobia e operou na
política: os sulistas (eleitores conservadores e direitistas raivosos)
avaliaram a si mesmo superiores aos eleitores nordestinos tidos como ignorantes
e alienados. Na questão religiosa o eventos de separação e valoração são muitos
e os eventos preconceituosos também.
Portanto, a questão “por que não somos todos macacos?” encontra sua resposta no triste fato
de que separamos as pessoas segundo suas cores, “suas raças”, seus espaços geográficos,
suas posses do capital econômico-cultural, suas práticas religiosas e após
proceder esta segmentação operamos com uma ideia de valoração e deste modo “não
somos todos macacos” apenas alguns “infelizes” são macacos segundo o princípio de que alguns tem mais valor que outros ...